COMENTÁRIO O texto refere-se ao caráter unilateral da relação do homem com a máquina e a mudança dessa relação a partir das novas tecnologias quando ela passa a ser quase autônoma,e enquanto máquina está livre de qualquer imperativo étnico. A aproximação entre o humano e a máquina se estreita à medida que as tecnologias vão evoluindo. Reflete sobre o acesso a essas novas tecnologias acrescentando que esse acesso não está dado por si só, que é necessário a garantia de formação para que se possa obter condições de “inserção plena no mundo contemporâneo O texto salienta também sobre o poder de articulação social que essas novas tecnologias proporcionam, inclusive funcionando como instrumento a serviço de organizações sociais como a exemplo o movimento Zapatista no México. Em relação ao contexto escolar o autor sinaliza as perspectivas positivas que o uso das TIC pode proporcionar ao ensino, inclusive no sentido de articulação de diferentes escolas em redes. No entanto reconhece que é preciso reformulações nas escolas para que ela possa se integrar e proporcionar um ensino diferenciado, uma escola e uma pedagogia que reconheça os diferentes e a eles se integre.
TECNOLOGIAS E NOVAS EDUCAÇÕES
De Nelson Pretto e Cláudio Costa Pinto. COMENTÁRIO:
Trata-se de um texto bastante esclarecedor sobre a nova era em que vivemos devido as evoluções tecnológicas. Discorre sobre o que todo esse processo de mudança representa em termos das crises vivenciadas pela teorias vigentes e a busca de novos paradigmas. Questiona inclusive se ainda se pode falar em paradigmas. No desenvolvimento do texto os autores fazem referência à concentração dos meios de comunicação que pode ser observada no Brasil, mas que na verdade é reflexo do que ocorre a nível mundial. Esse movimento de concentração produz, dentre outros males o fortalecimento de uma visão de mundo individualista. Direciona a reflexão para a área do ensino afirmando que a educação se encontra em crise e proporciona uma reflexão aprofundada sobre o real papel da escola nos tempos atuais. É uma abordagem que reconhece os desafios da integração da escola com os novos equipamentos tecnológicos, mas admite a possibilidade de grandes avanços a partir do reconhecimento pela escola, do potencial educacional das TIC.
Livro da Editora 34. 3ª. Edição 2008. IMAGEM MÁQUINA. A ERA DAS TECNOLOGIAS DO VIRTUAL, organizado por André Parente Joselina Conceição O livro é na verdade uma coletânea organizada por André Parente em que vários autores dissertam sobre a era das tecnologias do virtual a partir de perspectivas as mais diversas. Oferece ao leitor o privilegia de obter vários conhecimentos visto que os autores que compõe a coletânea são renomados especialistas das mais diversas áreas como filósofos, físicos, matemáticos, semiólogos, sociólogos, artista plástico, videomarkers. O leitor poderá ter acesso a textos produzidos pelos seguintes autores que participam da coletânea: Edmond Couchot, Rogério Luz, Derrick de Kerchove, Geanfranco Bettetine, Julio Plaza, Philippe Quéau, Arlindo Machado, Jean-Louis Weissberg, Paul Virilio,Jean Baudrillard, Laymert Garcia dos Santos, Stella Senra, Antonio Negri, Félix Guatarri, Benoit Mandelbrot, Frank Popper, Raymond BellourJean-François Lyotard,Nelson Brissac Peixoto,Katia Maciel,Jean-Louis Weissberg e Eric Alliez. No apêndice do livro encontram-se algumas informações sobre suas trajetórias acadêmicas. Como André Parente afirma os textos reunidos não se constituem enquanto uma somatória. É uma coletânea que “quer registrar a emergência de questões e pensamentos sobre as novas tecnologias da imagem que pontuam nossa atualidade, no nível dos saberes artísticos e científicos. [...]” (p.7). A coletânea está dividida em quatro módulos, em que se discutem as mutações da imagem a partir do avanço das tecnologias, os perigos da era digital, as imagens televisivas e o universo fictício a partir do real e termina pontuanso a relação das novas tecnologias com a produção artística. A abordagem inicial vai abarcar todo o processo de manipulação do conhecimento humano no sentido de automatizar a imagem, capaz de torná-la independente da ação humana direta até a imagem na era virtual. Busca que se inicia com os pintores e artistas a exemplo de Brunelleschi, Alberti, da Vinci. Esses investimentos na automatização da imagem são retomados no século XIX por fotógrafos. Com as técnicas da fotografia as intervenções manuais já não são suporte para geração de imagens. Engenheiros e técnicos participaram desse processo e após a fotografia e o cinema surge a televisão que avança no sentido de apresentar a imagem em movimento quase instantaneamente. No entanto, há que fazer referência a todo processo de decomposição e todo conhecimento do processo analítico necessário para que fosse possível a
automatização da imagem. A busca desenfreada pela automatização da imagem visava, em última instância, não apenas reproduzi - lá, mas transmiti - lá e essa capacidade de transmissão vem se aperfeiçoando cada vez mais com o computador. Pode-se perceber nas palavras de Edmond Couchot o quanto o computador significou para a evolução da imagem “(...) O computador permitia não somente dominar o ponto da imagem –pixel- como substituir, ao mesmo tempo, o automatismo analógico das técnicas televisuais pelo automatismo calculado, resultante de um tratamento numérico da informação relativa à imagem [...]”(p.38). Portanto a imagem de síntese é produto de engenhosas aplicações matemáticas que vem avançando e proporcionando a “escrita do movimento” através da imagem, cada vez mais precisa e trazendo outras possibilidades a exemplo da imagem através de uma câmara direcionada para a tela do computador, um procedimento simples para o usuário que manipula o aparelho, mas esses efeitos advém de sofisticadas técnicas que possibilitam a repetição da imagem ao infinito devido a um processo de realimentação ininterrupto, capaz de tornar possíveis efeitos cinematográficos antes nunca vistos. Philippe Quéau fornece ao leitor a dimensão abstrata e concreta dessa imagem. “A natureza essencialmente abstrata da imagem de síntese acrescenta-se a sua faculdade eminentemente concreta de tocar os sentidos do expectador e de criar uma impressão física forte, envolvente (...) os programas de síntese da imagem podem agora produzir imagens perfeitamente ‘realistas’, indiscerníveis das fotografias ou das tomadas reais. O exterminador do Futuro II acaba de por em cena o primeiro ator sintético, capaz de rivalizar, pela sua animação e pelo seu realismo, com as estrelas de cinema” (p.93). Todas as possibilidades criadas a partir da evolução tecnológica e sua utilização na imagem vão dimensioná-la e interferir em seu alcance e em sua função social, capaz de interagir, cada vez com mais precisão no pensamento e sentimento das pessoas. Portanto há que voltar o pensamento para as proposições do novo tempo com suas expectativas de evolução da humanidade e em paralelo manter uma visão crítica sobre toda essa gama de novidades, fugindo assim do que Rogério Luz denomina de “otimismo irresponsável”. O avanço das tecnologias e seu uso midiático podem interferir na ética, na estética e na política e há que se buscar formas adequadas de se por frente aos desafios propostos pela era virtual na realidade atual. No momento em que existem possibilidades concretas de delegar a percepção visual a uma máquina para que possa realizar analises objetivas da realidade, há que se refletir sobre qual a natureza da imagem virtual e também sobre todo o arcabouço que envolve a industrialização da visão e as questões éticas que permeia todo esse universo de novas relações e representatividades, que não está apenas na esfera da vigilância e privacidade, mas as questões que envolvem o sujeito animado e o objeto, a “ maquina de visão”, que passa a ter um papel que se aproxima do “sujeito animado”, do “sujeito vivo”.
Diante da prevalência da imagem virtual emerge reflexões filosóficas a respeito da imagem mental da consciência. Paul Virilio apresenta em seu texto, nesta coletânea, esse aspecto como sendo o mais importante em relação ao desenvolvimento das tecnologias de geração de imagens digitais. No âmbito da discussão em torno da imagem digital Virilio faz uma analise sobre a percepção visual e o caráter mental que a envolve. A visão envolve todo sistema nervoso de “gravação das percepções oculares”. Dentro dessa capacidade de percepção visual há que considerar o fator tempo, a objetivação da imagem em relação ao tempo em que a mesma se encontra em exposição para ser captada ou para captar. Impõe-se na capacidade de visualização o fator movimento necessário para a fixação do olhar. Virillo faz esse recorte para sinalizar a complexidade que perpassa todo processo de captação ocular e a sua relação direta com o movimento. “Devemos lembrar, alias, que nunca há uma ‘imagem fixa’ e que a fisiologia do olhar depende sempre dos movimentos dos olhos, das pupilas, ao mesmo tempo movimentos incessantes e inconscientes (motilidade) e movimentos constantes e conscientes do olhar (mobilidade). Lembremos ainda, que o ‘golpe de vista’ mais instintivo, menos controlado, é antes de tudo uma espécie de vistoria, uma varredura completa do campo de visão terminando pela escolha do objeto do olhar”. (p. 129). Estamos hoje diante da visão sintética que possibilita até mesmo a inversão da captação do olhar. O olhar que é captado pela imagem, imagem que a partir das inovações tecnológicas e a precisão adquirida é capaz de “ver”, de captar, de interferir na movimentação ocular direcionando-a em sua direção, uma imagem que define a escolha do olhar. Portanto admite alguns autores, que existe algo de paradoxal. Toda a gama de novidades explica a limitação do conhecimento e a dificuldade de interpretações que envolvem as novas tecnologias. A virtualização da vida vai sendo projetada, não totalmente compreendida. Portanto o virtual não pode mais ser entendido como algo limitado e restrito, cada vez mais ele toma dimensão de realidade e se concretiza na vida das pessoas das formas as mais precisas possíveis. Há que se reconhecer a existência de um mundo virtual que faz parte do cotidiano em geral e também do universo artístico através das tecnologias de simulação digital. O virtual integra e estrutura o real e precisa ser apreendido em sua plenitude considerando a linguagem que estabelece com o mundo. O texto de Serge Dentin percorre o universo do virtual quântico no sentido de ir delineando as peculiaridades dessa virtualização e sua ligação com o sistema de ordem geométrica considerando o caráter ondulatório da luz e todas as interferências resultantes, até concluir que “As trajetórias virtuais da mecânica clássica não são mais simples hipóteses de extensão (o território imaginário), mas adquirem uma realidade plena” (p. 136).
O universo quântico é um que se apresenta e define novas formas de pensar por ser ele, em alguns pontos essências, totalmente diferenciado do universo da física clássica. O sistema quântico permeia a virtualidade e estabelece laço fecundo entre o visível e o invisível. A leitura contribui para a reflexão sobre a realidade virtual como algo que já faz parte do cotidiano em geral, inclusive no campo das artes através das tecnologias de simulação digital. Essa virtualidade do real traz questionamentos sobre os valores postos no convívio no sentido de perceber até que ponto esses valores são validados nas relações que se estabelecem a partir de um contato, ou acordos virtuais, também no sentido de fazer perceber a vasta dimensão do mundo virtual e sua interferência na vida das pessoas. A discussão sobre os valores validados no cotidiano real é algo pertinente ao se considerar a existência de uma verdadeira reviravolta nas relações sociais a partir da dinamização dos efeitos das tecnologias em quase todos os aspectos da vida, e alguns preceitos sociais precisam ser revistos para se adequarem e poder responder a questões e demandas que surgem a partir de relações travadas no chamado mundo da imagem virtual. A virtualização das imagens e sua disseminação podem ser apreendidas em quase todas as esferas da vida. No capítulo III os textos vão prestar importante colaboração ao trazer a reflexão sobre o uso das imagens de síntese e as repercussões sociais na sua utilização como arsenal de guerra. No texto de Laymert Garcia dos Santos “A televisão na Guerra do Golfo”, ele faz abordagem precisa sobre o uso da televisão como instrumento de guerra, apropriada pelos interesses dos EUA, trazendo a guerra do Golfo como o fato social em que fica mais visível o uso midiático como uma arma de guerra, revelando em detalhes, como funciona o monopólio das imagens pelos EUA, que apesar de já não mais representar o poderio econômico de outrora, detém a tecnologia e o poder armamentista sem ter concorrente à altura como anteriormente havia a União Soviética. O texto demonstra claramente a utilização dos efeitos televisivos e a sua capacidade em tornar uma guerra algo espetacular, digno de atrair expectadores que também passam a fazer parte da encenação, totalmente manipulável pelos que podem determinar suas regras e detém o monopólio, no caso o exercito americano que garantiam o monopólio das informações, no caso específico da guerra do Golfo, que foi um verdadeiro confisco de informações. “Os jornalistas ainda acreditavam na divisão do trabalho, ainda acreditavam que os militares fazem a guerra e que os profissionais da mídia cobrem os acontecimentos. Os jornalistas ainda não sabiam que os militares já consideravam a cobertura um ato de guerra que era da sua própria alçada” (p.160). As ondas eletromagnéticas podem ser consideradas como campo de batalha onde se trava a guerra televisiva, transmitida no instante mesmo do acontecimento e que coloca o telespectador em um estado de participante daquele acontecimento, um participante que só tem acesso ao que for permitido e que o induz a concordar com toda uma lógica que alicerça a ideologia dos que comandam e direcionam as imagens. A televisão é transvestida
de arma eletrônica. Uma arma com poder de induzir e fazer seguidores que legitimam o conteúdo televisivo e se tornam alicerce de ideologias que asseguram privilégios e poderios. Também Boudrillad faz referência a guerra do Golfo como um marco na utilização da televisão como instrumento preciso de manipulação do real através da imagem televisiva, como podemos ler em suas palavras. “Antes dizíamos, para desfazer o artifício: isto é literatura! Isto é teatro! Isto é cinema! Pela primeira vez diante da Romênia e da guerra do Golfo, pudemos dizer: Isto é televisão! O cinema pode ser definido como a encenação da ficção como realidade, enquanto a televisão, que pretende encenar a realidade como realidade, é de fato a encenação da ficção como ficção. A ficção como realidade ainda é o campo do imaginário. A ficção como ficção é simplesmente virtual” (p. 147). Boudrillad apresenta como um problema político a percepção de imagens utilizadas na televisão aonde a imagem só representa ela própria. Afirma a informação como uma catástrofe no momento em que as imagens se reproduzem sem que considerem o real. Ele aborda assim uma questão crucial no tempo atual que é uso da imagem enquanto espetáculo, explorando ao máximo o caráter vexatório da cena, no intuito de tirar do trágico ou da miséria, o show. Diante da tela da televisão os espectadores, presos em suas cadeiras a focar o olhar sobre o real fabricado, a tela; “o lugar do não lugar”, vazio que precisa de preenchimento. Um vasto campo de irresponsabilidades, palavra que parece até está sendo abolida quando se fala em transmissão televisiva. O que está fora do foco televisivo se torna quase que irreal, desparece, deixa de existir, e quando aparece se apresenta enquanto enganosa. Boudrillad faz esse percurso reflexivo trazendo a questão do leste e da ação ocidental que obscurecia a existência do comunismo por exemplo. “Tudo isto, Stalinismo, comunismo, socialismo, era no fundo irreal porque sub exposto à luz da democracia dos direitos do homem. Hoje, enfim, tudo ascende à transparência da informação. Glasnost! E no momento em que se explode essa transparência, ela se revela enganosa, obscena, perversa, inaceitável. Ela nos chega carregada de todos os detritos da história, de toda irrealidade do processo revolucionário. Na realidade, essa transparência repentina revela, através das peripécias dos países do Leste, nossa patologia ocidental (...)” [p 152]. O autor aprofunda a reflexão no sentido de demonstrar as ilusões do mundo ocidental e dos falsos ideais de democracia e solidariedade, uma democracia que convive com a tirania da informação, de um terrorismo que pode ser abstrato por não ser reconhecido na mídia televisiva ocidental como tal, mas que se impõe sem limites. A discussão aqui não pode ser apreendida como algo generalizado, necessário se faz deixar bastante explícito que se trata do predomínio de potencias, que querem impor seu
poder, utilizando agora a imagem, cada vez mais sofisticadamente projetada, para dar continuidade ao seu predomínio. É uma discussão que remete ao caráter democrático implantado no ocidente que se torna tão limitado e quase inexistente, por ser um processo preso nas garras de poderes, interesse e forças que predominam e vivem em constante tensão para permanência da posição de mando e controle. A função do olhar é um ponto a ser também discutido dentro desta perspectiva, compreendendo que ela também sofre interferências com as mudanças em torno da capacidade de apreensão ocular, é uma visão que capta imagens através de uma racionalidade que visa controlar, manipular, escolher, selecionar intimamente o que interessa e descartar o seu oposto. É como um jogo de luzes em que se ilumina, dá o foco sobre o que se deseja colocar em evidência, nesse jogo pouco importa a opinião pública, o que define a zona a ser focada é o resultado de alguns interesses e circunstâncias. Os objetos captados pelas câmeras televisivas se tornam imagens e a luta por essa captação pelos repórteres se assemelha ao campo de guerra para obter o melhor foco, a melhor imagem, o que sucede também com as redes de televisão concorrentes em busca da melhor audiência. Os detentores da informação buscam captar o telespectador em qualquer parte do mundo. Apesar de todo processo de manipulação das imagens Antonio Negri ressalta os aspectos positivos que surgem com as novas tecnologias. O autor defende a idéia das possibilidades de democracia e abertura participativa. Reconhece o embate a ser travado com os que impedem a democratização, engendram o monopólio e a conseqüente exclusão. “Trata-se de construir um sistema de comunicação pública baseado na interrelação ativa e cooperativa dos indivíduos. Trata-se de ligar comunicação/produção/vida social em formas de proximidade e cooperação cada vez mais intensas. Trata-se, em suma, de pensar numa democracia radical, na sociedade como produção, a ser posta em forma nas condições do horizonte pós-mídia”.(p. 176) Portanto é uma visão que reconhece o potencial das novas tecnologias no sentido de utilizá-las abrindo possibilidades as mais diversas como uma luz que se espalha por todos os cantos sem distinção, sem exclusão. No capítulo IV a discussão está voltada para o cinema, apreendendo-o enquanto arte e enquanto imagem. Katia Maciel traz a discussão sobre o caráter paradoxal dessa era relacionada à imagem, que “se inicia com a videografia, a holografia,e a infografia”(p.253). Paradoxal porque existe inversão de representação e significado em que a imagem é capaz de eliminar o real. Surge a realidade virtual advinda e sustentada pela memória visual. Uma era de produção de imagens que representa a si mesma e “geram realidades”. Ao analisar a relação entre a imagem de síntese e o
cinema pode-se perceber a possibilidade de o cinema vir a ser um reprodutor de imagens e seus efeitos especiais, mas também existe a possibilidade do cinema se apropriar dos recursos tecnológicos das imagens de síntese para projetar a realização artística cinematográfica. Diante dessas possibilidades ainda não existe uma definição sobre o efeito,ou a marca que o mundo digital deixará no universo cinematográfico; se o cinema se tornará em um mero reprodutor de imagens vazias e auto-suficientes ou tirará proveito delas para consagrar o seu lugar no mundo das artes. A discussão em torno da definição dos efeitos das imagens numéricas, definidas e recortadas no universo da arte traz a possibilidade da configuração de uma espécie de arte técnica. O que se apreende é que vivemos em uma era em que o limite da imagem síntese ainda não está totalmente projetado, por serem tão vastas as suas possibilidades de interveções sobre o real e sobre a subjetividade. O livro possui elevado nível de conhecimento e requer do leitor um apurado nível de abstração, o que não torna uma leitura fácil de ser feita, no entanto oferece possibilidade de aquisição de novos e mais aprofundado conhecimento sobre a era das novas tecnologias a partir de reflexões as mais diversas. É um texto que exige apurada atenção às formas diferenciadas da escrita de cada autor. As abordagens encontradas na coletânea são as mais diversas dando a impressão ao leitor de ter participado de um amplo debate em que pontos de vistas diferenciados se entrecruzaram. A leitura contribui para uma reflexão capaz de oferecer elementos que despertam um olhar sobre a imagem virtual inquietante, que busca desvendar todo o seu significado no cotidiano e o quanto esse significado se dimensiona a partir dos avanços tecnológicos. Colabora significativamente para que o leitor saia de uma relação “automática” com a imagem, para uma visão crítica. Todo o conjunto da obra literária evidencia, de forma direta ou indireta, que uma coisa é manipular as tecnologias do virtual através dos aparelhos de que dispomos, outra coisa é conhecer toda a engenhosidade que os faz existir. Em síntese todos os autores discorrem criticamente sobre a inferência da imagem virtual no cotidiano, uns dando mais ênfase às condições adversas que impedem a utilização plena dessas imagens no processo de transformação social e construção de novas relações, e outros sinalizam as perspectivas positivas que as imagens de síntese apresentam para uma vida cada vez mais qualificada, reforçando a idéia de uma realidade fortalecida pela possibilidade de sua virtualização total ou parcial.
Joselina Conceição,pedagoga com habilitação em Arte em Educação (faculdade noroeste de Minas Gerais) FINOM cursando (Especialização em Educação e novas Tecnologias da Educação.) FACED da Universidade federal da Bahia, professora de escola publica
LINGUAGENS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
ResponderExcluirDe Nelson Pretto
COMENTÁRIO
O texto refere-se ao caráter unilateral da relação do homem com a máquina e a mudança dessa relação a partir das novas tecnologias quando ela passa a ser quase autônoma,e enquanto máquina está livre de qualquer imperativo étnico. A aproximação entre o humano e a máquina se estreita à medida que as tecnologias vão evoluindo. Reflete sobre o acesso a essas novas tecnologias acrescentando que esse acesso não está dado por si só, que é necessário a garantia de formação para que se possa obter condições de “inserção plena no mundo contemporâneo
O texto salienta também sobre o poder de articulação social que essas novas tecnologias proporcionam, inclusive funcionando como instrumento a serviço de organizações sociais como a exemplo o movimento Zapatista no México.
Em relação ao contexto escolar o autor sinaliza as perspectivas positivas que o uso das TIC pode proporcionar ao ensino, inclusive no sentido de articulação de diferentes escolas em redes. No entanto reconhece que é preciso reformulações nas escolas para que ela possa se integrar e proporcionar um ensino diferenciado, uma escola e uma pedagogia que reconheça os diferentes e a eles se integre.
TECNOLOGIAS E NOVAS EDUCAÇÕES
De Nelson Pretto e Cláudio Costa Pinto.
COMENTÁRIO:
Trata-se de um texto bastante esclarecedor sobre a nova era em que vivemos devido as evoluções tecnológicas. Discorre sobre o que todo esse processo de mudança representa em termos das crises vivenciadas pela teorias vigentes e a busca de novos paradigmas. Questiona inclusive se ainda se pode falar em paradigmas.
No desenvolvimento do texto os autores fazem referência à concentração dos meios de comunicação que pode ser observada no Brasil, mas que na verdade é reflexo do que ocorre a nível mundial. Esse movimento de concentração produz, dentre outros males o fortalecimento de uma visão de mundo individualista.
Direciona a reflexão para a área do ensino afirmando que a educação se encontra em crise e proporciona uma reflexão aprofundada sobre o real papel da escola nos tempos atuais. É uma abordagem que reconhece os desafios da integração da escola com os novos equipamentos tecnológicos, mas admite a possibilidade de grandes avanços a partir do reconhecimento pela escola, do potencial educacional das TIC.
Resenha do livro
ResponderExcluirLivro da Editora 34.
3ª. Edição 2008.
IMAGEM MÁQUINA. A ERA DAS TECNOLOGIAS DO VIRTUAL, organizado por André Parente
Joselina Conceição
O livro é na verdade uma coletânea organizada por André Parente em que vários autores dissertam sobre a era das tecnologias do virtual a partir de perspectivas as mais diversas. Oferece ao leitor o privilegia de obter vários conhecimentos visto que os autores que compõe a coletânea são renomados especialistas das mais diversas áreas como filósofos, físicos, matemáticos, semiólogos, sociólogos, artista plástico, videomarkers.
O leitor poderá ter acesso a textos produzidos pelos seguintes autores que participam da coletânea: Edmond Couchot, Rogério Luz, Derrick de Kerchove, Geanfranco Bettetine, Julio Plaza, Philippe Quéau, Arlindo Machado, Jean-Louis Weissberg, Paul Virilio,Jean Baudrillard, Laymert Garcia dos Santos, Stella Senra, Antonio Negri, Félix Guatarri, Benoit Mandelbrot, Frank Popper, Raymond BellourJean-François Lyotard,Nelson Brissac Peixoto,Katia Maciel,Jean-Louis Weissberg e Eric Alliez. No apêndice do livro encontram-se algumas informações sobre suas trajetórias acadêmicas.
Como André Parente afirma os textos reunidos não se constituem enquanto uma somatória. É uma coletânea que “quer registrar a emergência de questões e pensamentos sobre as novas tecnologias da imagem que pontuam nossa atualidade, no nível dos saberes artísticos e científicos. [...]” (p.7).
A coletânea está dividida em quatro módulos, em que se discutem as mutações da imagem a partir do avanço das tecnologias, os perigos da era digital, as imagens televisivas e o universo fictício a partir do real e termina pontuanso a relação das novas tecnologias com a produção artística.
A abordagem inicial vai abarcar todo o processo de manipulação do conhecimento humano no sentido de automatizar a imagem, capaz de torná-la independente da ação humana direta até a imagem na era virtual. Busca que se inicia com os pintores e artistas a exemplo de Brunelleschi, Alberti, da Vinci. Esses investimentos na automatização da imagem são retomados no século XIX por fotógrafos. Com as técnicas da fotografia as intervenções manuais já não são suporte para geração de imagens. Engenheiros e técnicos participaram desse processo e após a fotografia e o cinema surge a televisão que avança no sentido de apresentar a imagem em movimento quase instantaneamente.
No entanto, há que fazer referência a todo processo de decomposição e todo conhecimento do processo analítico necessário para que fosse possível a
continuação
ResponderExcluirautomatização da imagem. A busca desenfreada pela automatização da imagem visava, em última instância, não apenas reproduzi - lá, mas transmiti - lá e essa capacidade de transmissão vem se aperfeiçoando cada vez mais com o computador. Pode-se perceber nas palavras de Edmond Couchot o quanto o computador significou para a evolução da imagem “(...) O computador permitia não somente dominar o ponto da imagem –pixel- como substituir, ao mesmo tempo, o automatismo analógico das técnicas televisuais pelo automatismo calculado, resultante de um tratamento numérico da informação relativa à imagem [...]”(p.38).
Portanto a imagem de síntese é produto de engenhosas aplicações matemáticas que vem avançando e proporcionando a “escrita do movimento” através da imagem, cada vez mais precisa e trazendo outras possibilidades a exemplo da imagem através de uma câmara direcionada para a tela do computador, um procedimento simples para o usuário que manipula o aparelho, mas esses efeitos advém de sofisticadas técnicas que possibilitam a repetição da imagem ao infinito devido a um processo de realimentação ininterrupto, capaz de tornar possíveis efeitos cinematográficos antes nunca vistos. Philippe Quéau fornece ao leitor a dimensão abstrata e concreta dessa imagem.
“A natureza essencialmente abstrata da imagem de síntese acrescenta-se a sua faculdade eminentemente concreta de tocar os sentidos do expectador e de criar uma impressão física forte, envolvente (...) os programas de síntese da imagem podem agora produzir imagens perfeitamente ‘realistas’, indiscerníveis das fotografias ou das tomadas reais. O exterminador do Futuro II acaba de por em cena o primeiro ator sintético, capaz de rivalizar, pela sua animação e pelo seu realismo, com as estrelas de cinema” (p.93).
Todas as possibilidades criadas a partir da evolução tecnológica e sua utilização na imagem vão dimensioná-la e interferir em seu alcance e em sua função social, capaz de interagir, cada vez com mais precisão no pensamento e sentimento das pessoas.
Portanto há que voltar o pensamento para as proposições do novo tempo com suas expectativas de evolução da humanidade e em paralelo manter uma visão crítica sobre toda essa gama de novidades, fugindo assim do que Rogério Luz denomina de “otimismo irresponsável”. O avanço das tecnologias e seu uso midiático podem interferir na ética, na estética e na política e há que se buscar formas adequadas de se por frente aos desafios propostos pela era virtual na realidade atual.
No momento em que existem possibilidades concretas de delegar a percepção visual a uma máquina para que possa realizar analises objetivas da realidade, há que se refletir sobre qual a natureza da imagem virtual e também sobre todo o arcabouço que envolve a industrialização da visão e as questões éticas que permeia todo esse universo de novas relações e representatividades, que não está apenas na esfera da vigilância e privacidade, mas as questões que envolvem o sujeito animado e o objeto, a “ maquina de visão”, que passa a ter um papel que se aproxima do “sujeito animado”, do “sujeito vivo”.
continuação
ResponderExcluirDiante da prevalência da imagem virtual emerge reflexões filosóficas a respeito da imagem mental da consciência. Paul Virilio apresenta em seu texto, nesta coletânea, esse aspecto como sendo o mais importante em relação ao desenvolvimento das tecnologias de geração de imagens digitais.
No âmbito da discussão em torno da imagem digital Virilio faz uma analise sobre a percepção visual e o caráter mental que a envolve. A visão envolve todo sistema nervoso de “gravação das percepções oculares”. Dentro dessa capacidade de percepção visual há que considerar o fator tempo, a objetivação da imagem em relação ao tempo em que a mesma se encontra em exposição para ser captada ou para captar. Impõe-se na capacidade de visualização o fator movimento necessário para a fixação do olhar. Virillo faz esse recorte para sinalizar a complexidade que perpassa todo processo de captação ocular e a sua relação direta com o movimento.
“Devemos lembrar, alias, que nunca há uma ‘imagem fixa’ e que a fisiologia do olhar depende sempre dos movimentos dos olhos, das pupilas, ao mesmo tempo movimentos incessantes e inconscientes (motilidade) e movimentos constantes e conscientes do olhar (mobilidade). Lembremos ainda, que o ‘golpe de vista’ mais instintivo, menos controlado, é antes de tudo uma espécie de vistoria, uma varredura completa do campo de visão terminando pela escolha do objeto do olhar”. (p. 129).
Estamos hoje diante da visão sintética que possibilita até mesmo a inversão da captação do olhar. O olhar que é captado pela imagem, imagem que a partir das inovações tecnológicas e a precisão adquirida é capaz de “ver”, de captar, de interferir na movimentação ocular direcionando-a em sua direção, uma imagem que define a escolha do olhar. Portanto admite alguns autores, que existe algo de paradoxal.
Toda a gama de novidades explica a limitação do conhecimento e a dificuldade de interpretações que envolvem as novas tecnologias. A virtualização da vida vai sendo projetada, não totalmente compreendida.
Portanto o virtual não pode mais ser entendido como algo limitado e restrito, cada vez mais ele toma dimensão de realidade e se concretiza na vida das pessoas das formas as mais precisas possíveis. Há que se reconhecer a existência de um mundo virtual que faz parte do cotidiano em geral e também do universo artístico através das tecnologias de simulação digital.
O virtual integra e estrutura o real e precisa ser apreendido em sua plenitude considerando a linguagem que estabelece com o mundo. O texto de Serge Dentin percorre o universo do virtual quântico no sentido de ir delineando as peculiaridades dessa virtualização e sua ligação com o sistema de ordem geométrica considerando o caráter ondulatório da luz e todas as interferências resultantes, até concluir que “As trajetórias virtuais da mecânica clássica não são mais simples hipóteses de extensão (o território imaginário), mas adquirem uma realidade plena” (p. 136).
continuação
ResponderExcluirO universo quântico é um que se apresenta e define novas formas de pensar por ser ele, em alguns pontos essências, totalmente diferenciado do universo da física clássica. O sistema quântico permeia a virtualidade e estabelece laço fecundo entre o visível e o invisível.
A leitura contribui para a reflexão sobre a realidade virtual como algo que já faz parte do cotidiano em geral, inclusive no campo das artes através das tecnologias de simulação digital. Essa virtualidade do real traz questionamentos sobre os valores postos no convívio no sentido de perceber até que ponto esses valores são validados nas relações que se estabelecem a partir de um contato, ou acordos virtuais, também no sentido de fazer perceber a vasta dimensão do mundo virtual e sua interferência na vida das pessoas.
A discussão sobre os valores validados no cotidiano real é algo pertinente ao se considerar a existência de uma verdadeira reviravolta nas relações sociais a partir da dinamização dos efeitos das tecnologias em quase todos os aspectos da vida, e alguns preceitos sociais precisam ser revistos para se adequarem e poder responder a questões e demandas que surgem a partir de relações travadas no chamado mundo da imagem virtual.
A virtualização das imagens e sua disseminação podem ser apreendidas em quase todas as esferas da vida. No capítulo III os textos vão prestar importante colaboração ao trazer a reflexão sobre o uso das imagens de síntese e as repercussões sociais na sua utilização como arsenal de guerra. No texto de Laymert Garcia dos Santos “A televisão na Guerra do Golfo”, ele faz abordagem precisa sobre o uso da televisão como instrumento de guerra, apropriada pelos interesses dos EUA, trazendo a guerra do Golfo como o fato social em que fica mais visível o uso midiático como uma arma de guerra, revelando em detalhes, como funciona o monopólio das imagens pelos EUA, que apesar de já não mais representar o poderio econômico de outrora, detém a tecnologia e o poder armamentista sem ter concorrente à altura como anteriormente havia a União Soviética.
O texto demonstra claramente a utilização dos efeitos televisivos e a sua capacidade em tornar uma guerra algo espetacular, digno de atrair expectadores que também passam a fazer parte da encenação, totalmente manipulável pelos que podem determinar suas regras e detém o monopólio, no caso o exercito americano que garantiam o monopólio das informações, no caso específico da guerra do Golfo, que foi um verdadeiro confisco de informações. “Os jornalistas ainda acreditavam na divisão do trabalho, ainda acreditavam que os militares fazem a guerra e que os profissionais da mídia cobrem os acontecimentos. Os jornalistas ainda não sabiam que os militares já consideravam a cobertura um ato de guerra que era da sua própria alçada” (p.160).
As ondas eletromagnéticas podem ser consideradas como campo de batalha onde se trava a guerra televisiva, transmitida no instante mesmo do acontecimento e que coloca o telespectador em um estado de participante daquele acontecimento, um participante que só tem acesso ao que for permitido e que o induz a concordar com toda uma lógica que alicerça a ideologia dos que comandam e direcionam as imagens. A televisão é transvestida
continuação
ResponderExcluirde arma eletrônica. Uma arma com poder de induzir e fazer seguidores que legitimam o conteúdo televisivo e se tornam alicerce de ideologias que asseguram privilégios e poderios.
Também Boudrillad faz referência a guerra do Golfo como um marco na utilização da televisão como instrumento preciso de manipulação do real através da imagem televisiva, como podemos ler em suas palavras.
“Antes dizíamos, para desfazer o artifício: isto é literatura! Isto é teatro! Isto é cinema! Pela primeira vez diante da Romênia e da guerra do Golfo, pudemos dizer: Isto é televisão! O cinema pode ser definido como a encenação da ficção como realidade, enquanto a televisão, que pretende encenar a realidade como realidade, é de fato a encenação da ficção como ficção. A ficção como realidade ainda é o campo do imaginário. A ficção como ficção é simplesmente virtual” (p. 147).
Boudrillad apresenta como um problema político a percepção de imagens utilizadas na televisão aonde a imagem só representa ela própria. Afirma a informação como uma catástrofe no momento em que as imagens se reproduzem sem que considerem o real. Ele aborda assim uma questão crucial no tempo atual que é uso da imagem enquanto espetáculo, explorando ao máximo o caráter vexatório da cena, no intuito de tirar do trágico ou da miséria, o show.
Diante da tela da televisão os espectadores, presos em suas cadeiras a focar o olhar sobre o real fabricado, a tela; “o lugar do não lugar”, vazio que precisa de preenchimento. Um vasto campo de irresponsabilidades, palavra que parece até está sendo abolida quando se fala em transmissão televisiva.
O que está fora do foco televisivo se torna quase que irreal, desparece, deixa de existir, e quando aparece se apresenta enquanto enganosa. Boudrillad faz esse percurso reflexivo trazendo a questão do leste e da ação ocidental que obscurecia a existência do comunismo por exemplo.
“Tudo isto, Stalinismo, comunismo, socialismo, era no fundo irreal porque sub exposto à luz da democracia dos direitos do homem. Hoje, enfim, tudo ascende à transparência da informação. Glasnost! E no momento em que se explode essa transparência, ela se revela enganosa, obscena, perversa, inaceitável. Ela nos chega carregada de todos os detritos da história, de toda irrealidade do processo revolucionário. Na realidade, essa transparência repentina revela, através das peripécias dos países do Leste, nossa patologia ocidental (...)” [p 152].
O autor aprofunda a reflexão no sentido de demonstrar as ilusões do mundo ocidental e dos falsos ideais de democracia e solidariedade, uma democracia que convive com a tirania da informação, de um terrorismo que pode ser abstrato por não ser reconhecido na mídia televisiva ocidental como tal, mas que se impõe sem limites. A discussão aqui não pode ser apreendida como algo generalizado, necessário se faz deixar bastante explícito que se trata do predomínio de potencias, que querem impor seu
continuação
ResponderExcluirpoder, utilizando agora a imagem, cada vez mais sofisticadamente projetada, para dar continuidade ao seu predomínio.
É uma discussão que remete ao caráter democrático implantado no ocidente que se torna tão limitado e quase inexistente, por ser um processo preso nas garras de poderes, interesse e forças que predominam e vivem em constante tensão para permanência da posição de mando e controle.
A função do olhar é um ponto a ser também discutido dentro desta perspectiva, compreendendo que ela também sofre interferências com as mudanças em torno da capacidade de apreensão ocular, é uma visão que capta imagens através de uma racionalidade que visa controlar, manipular, escolher, selecionar intimamente o que interessa e descartar o seu oposto. É como um jogo de luzes em que se ilumina, dá o foco sobre o que se deseja colocar em evidência, nesse jogo pouco importa a opinião pública, o que define a zona a ser focada é o resultado de alguns interesses e circunstâncias.
Os objetos captados pelas câmeras televisivas se tornam imagens e a luta por essa captação pelos repórteres se assemelha ao campo de guerra para obter o melhor foco, a melhor imagem, o que sucede também com as redes de televisão concorrentes em busca da melhor audiência. Os detentores da informação buscam captar o telespectador em qualquer parte do mundo.
Apesar de todo processo de manipulação das imagens Antonio Negri ressalta os aspectos positivos que surgem com as novas tecnologias. O autor defende a idéia das possibilidades de democracia e abertura participativa. Reconhece o embate a ser travado com os que impedem a democratização, engendram o monopólio e a conseqüente exclusão.
“Trata-se de construir um sistema de comunicação pública baseado na interrelação ativa e cooperativa dos indivíduos. Trata-se de ligar comunicação/produção/vida social em formas de proximidade e cooperação cada vez mais intensas. Trata-se, em suma, de pensar numa democracia radical, na sociedade como produção, a ser posta em forma nas condições do horizonte pós-mídia”.(p. 176)
Portanto é uma visão que reconhece o potencial das novas tecnologias no sentido de utilizá-las abrindo possibilidades as mais diversas como uma luz que se espalha por todos os cantos sem distinção, sem exclusão.
No capítulo IV a discussão está voltada para o cinema, apreendendo-o enquanto arte e enquanto imagem. Katia Maciel traz a discussão sobre o caráter paradoxal dessa era relacionada à imagem, que “se inicia com a videografia, a holografia,e a infografia”(p.253). Paradoxal porque existe inversão de representação e significado em que a imagem é capaz de eliminar o real. Surge a realidade virtual advinda e sustentada pela memória visual. Uma era de produção de imagens que representa a si mesma e “geram realidades”. Ao analisar a relação entre a imagem de síntese e o
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ResponderExcluircinema pode-se perceber a possibilidade de o cinema vir a ser um reprodutor de imagens e seus efeitos especiais, mas também existe a possibilidade do cinema se apropriar dos recursos tecnológicos das imagens de síntese para projetar a realização artística cinematográfica. Diante dessas possibilidades ainda não existe uma definição sobre o efeito,ou a marca que o mundo digital deixará no universo cinematográfico; se o cinema se tornará em um mero reprodutor de imagens vazias e auto-suficientes ou tirará proveito delas para consagrar o seu lugar no mundo das artes.
ResponderExcluirA discussão em torno da definição dos efeitos das imagens numéricas, definidas e recortadas no universo da arte traz a possibilidade da configuração de uma espécie de arte técnica. O que se apreende é que vivemos em uma era em que o limite da imagem síntese ainda não está totalmente projetado, por serem tão vastas as suas possibilidades de interveções sobre o real e sobre a subjetividade.
O livro possui elevado nível de conhecimento e requer do leitor um apurado nível de abstração, o que não torna uma leitura fácil de ser feita, no entanto oferece possibilidade de aquisição de novos e mais aprofundado conhecimento sobre a era das novas tecnologias a partir de reflexões as mais diversas.
É um texto que exige apurada atenção às formas diferenciadas da escrita de cada autor. As abordagens encontradas na coletânea são as mais diversas dando a impressão ao leitor de ter participado de um amplo debate em que pontos de vistas diferenciados se entrecruzaram.
A leitura contribui para uma reflexão capaz de oferecer elementos que despertam um olhar sobre a imagem virtual inquietante, que busca desvendar todo o seu significado no cotidiano e o quanto esse significado se dimensiona a partir dos avanços tecnológicos. Colabora significativamente para que o leitor saia de uma relação “automática” com a imagem, para uma visão crítica.
Todo o conjunto da obra literária evidencia, de forma direta ou indireta, que uma coisa é manipular as tecnologias do virtual através dos aparelhos de que dispomos, outra coisa é conhecer toda a engenhosidade que os faz existir.
Em síntese todos os autores discorrem criticamente sobre a inferência da imagem virtual no cotidiano, uns dando mais ênfase às condições adversas que impedem a utilização plena dessas imagens no processo de transformação social e construção de novas relações, e outros sinalizam as perspectivas positivas que as imagens de síntese apresentam para uma vida cada vez mais qualificada, reforçando a idéia de uma realidade fortalecida pela possibilidade de sua virtualização total ou parcial.
Joselina Conceição,pedagoga com habilitação em Arte em Educação (faculdade noroeste de Minas Gerais) FINOM cursando (Especialização em Educação e novas Tecnologias da Educação.) FACED da Universidade federal da Bahia, professora de escola publica